Acreditar

Reflexão sobre a liturgia do 5º Domingo da Páscoa - Jo 15,1-8

29 de Abril de 2018

 

Por José Antonio Pagola*


A fé não é uma impressão ou emoção do coração. Sem dúvida, o crente sente a sua fé, experimenta-a e desfruta-a, mas seria um erro reduzi-la a «sentimentalismo». A fé não é algo que dependa dos sentimentos: «Já não sinto nada; devo estar a perder a fé». Ser crentes é uma atitude responsável e razoável.

 

A fé não é tampouco uma opinião pessoal. O crente compromete-se pessoalmente a acreditar em Deus, mas a fé não pode ser reduzida a «subjetivismo»: «Eu tenho as minhas ideias e acredito naquilo que me parece». A realidade de Deus não depende de mim nem a fé cristã é elaboração própria. Brota da ação de Deus em nós.

 

A fé não é tampouco um costume ou tradição recebida dos padres. É bom nascer numa família crente e receber desde criança uma orientação cristã da vida, mas seria muito pobre reduzir a fé a «hábitos religiosos»: «Na minha família sempre temos sido muito de Igreja». A fé é uma decisão pessoal de cada um.

 

A fé não é tampouco uma receita moral. Acreditar em Deus tem as suas exigências, mas seria um equívoco reduzir tudo a «moralismo»: «Eu respeito a todos e não faço mal a ninguém». A fé é, além disso, amor a Deus, compromisso por um mundo mais humano, esperança de vida eterna, ação de graças, celebração.

 

A fé não é tampouco um «tranquilizante». Acreditar em Deus é, sem dúvida, fonte de paz, consolo e serenidade, mas a fé não é só uma «boia de salvação» para os momentos críticos: «Eu, quando me encontro em apuros, recorro à Virgem». Acreditar é o melhor estímulo para lutar, trabalhar e viver de forma digna e responsável.

 

A fé cristã começa a despertar-se em nós quando nos encontramos com Jesus. O cristão é uma pessoa que se encontra com Cristo, e Nele vai descobrindo um Deus Amor que a cada dia o atrai mais. Diz muito bem João: «Nós conhecemos o amor que Deus tem por nós e temos acreditado Nele. Deus é Amor» (1 João 4,16).

 

Esta fé cresce e dá frutos só quando permanecemos dia a dia unidos a Cristo, quer dizer, motivados e sustentados pelo Seu Espírito e a Sua Palavra: «O que permanece unido a mim, como eu estou unido a ele, produz muito fruto, porque sem mim não podeis fazer nada».


IHU

 

*José Antonio Pagola é padre e teólogo espanhol.

 

 

Fonte: http://www.domtotal.com

 

 

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